segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rua da Cultura é...


O Coronel e o Lobisomem!!! Alguns acontecimentos recentes na nossa capital que tem um ar de modernidade misturada com algo de provinciano me lembraram esse romance escrito por José Candido de Carvalho em 1964, justamente no ano em que os militares com armas nas mãos tomavam o poder no Brasil. Esse clássico da literatura brasileira conta a historia de um coronel da força nacional que narra de uma forma quixotesca seu enfretamento com uma besta mitológica. Outra história que me veio de imediato à cabeça foi um clássico da literatura infantil: Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau, essa conhecida por todos. Nessa historia inocente, mas cheia de mensagens, inclusive subliminares, uma menina ingênua é perseguida por um Lobo Mau lutador de jiu-jitsu há um mês e meio, que quer comer a menina e todos os seus docinhos. Por sorte a menina é socorrida por um caçador de arma em punho que a salva e dar entrevistas explicando que mais uma vez ele foi um herói. Eu, que tenho três filhas, fico me perguntando o que aconteceria se estivesse no meio da rua apontando uma pistola para um “Lobo Mau ou Lobisomem” que tivesse um interesse especial em uma das minhas rebentas e uma viatura da policia estivesse passando. Será que a policia iria me dar os parabéns levar a suposta fera para o zoológico, mas antes passaria na casa da minha esposa, da minha sogra, da minha tia, da minha irmã, na padaria para comprar pão e finalmente chegaríamos ao zoológico? Ou será que eu seria confundido com um contrabandista de animais silvestres e levaria um balão, seria algemado e depois levado para a casa do policial, da sogra dele, da tia dele, da irmã dele, na padaria para comprar pão e finalmente chegaria à delegacia plantonista? Ou seria confundido com ladrão de gado? Lobisomens e lobos maus são muito parecidos com touros reprodutores e de imediato levaria um tiro acima do lábio e abaixo do nariz de um snipper bem treinado e que conhece muito bem “A Missão” da policia sergipana? Infelizmente não só os artistas podem interpretar personagens que vão do patético ao cômico na nossa sociedade. Ainda bem que tenho encontrado policiais militares que fazem do seu oficio uma arte. Arte essa que é totalmente contraria a truculência, ao abuso de autoridade, a arrogância e ao crime protegido pela farda. Por mais que do alto dos palcos públicos ainda somos obrigados a assistir um show de estupidez e violência desnecessária por conta de alguns “amestrados fardados” tenho encontrado também policiais que orgulham não só a tropa, mas todos que torcem por uma polícia melhor. Não existe mais espaço para o policial contador de historias da carochinha que quando questionado sempre tentam fazer a gente pensar que o que vemos no dia a dia nos bairros periféricos, nos shows populares é um filme de ficção de tão verdadeiro e comovente que é o relato do “ator”, desculpem aos colegas de profissão pela comparação. Mas assim como o cinema, o teatro e outros produtos culturais são pagos pelo povo. A segurança pública também é. E por isso é obrigação da sociedade em exigir que tenhamos nos quadros das nossas forças de segurança profissionais que sejam admirados não pelo recorde de vezes que sacam suas pistolas, mas pelo recorde de vezes que conseguem resolver uma crise sem precisar sacar a arma que compramos para ele. E que a ficção esteja cada dia mais distante da realidade.

VEJA: Nosso Ponto de Leitura Ilma Fontes. Um monte de livros de heróis para você ler.

TECLE: www.queronamorar.com. E arrume alguém compatível com a sua idade. E de preferência com pais civis.

OUÇA: disquinhos coloridos com fabulas infantis. São muito parecidos com algumas entrevistas na TV e no Radio.

LEIA: Matérias antigas sobre “A Missão”. Grupo de extermínio que agia no interior de Sergipe.

ESSA SEGUNDA:

Ronise Ramos

Mosh

Infecção Sonora

Identidade Zero

PASSARELA DO XADREZ E WAR

AONDE: No Mercado Municipal – Centro Histórico de Aracaju.

HORARIO: a partir das 18 horas.

QUANTO: De graça.

FALE CONOSCO: ruadacultura@gmail.com Casa Rua da Cultura, Praça Camerino, 210 tel.: 8822-2777

www.ruadacultura.blogspot.com

Lindemberg Monteiro

Diretor e coordenador da Rua da Cultura e da Cia de Teatro Stultífera Navis