terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rua da Cultura é...

2010!!! Mais do que um novo ano iniciamos uma nova década, e nela podemos projetar os desejos e tarefas na construção de um comportamento mais apurado da sociedade em relação a cultura.
A década que passou não foi tomada apenas pelo entretenimento dos reality shows, que promoveram a superficialidade individual dos seus participantes,foi também a venda de forma enganosa de que fama é democrática e acessíveis a todos.
Alguns passos importantes para a formação cultural e intelectual do povo brasileiro foram dados. Nosso cinema voltou a produzir em maior escala, mesmo que em sua maior parte sem muito risco, e seguindo um padrão fácil de vender. Quase que televisão em tela grande. Mas o cineasta Cláudio Assis comanda uma nova safra de cineastas que querem ir mais longe que a Globo Filmes pode oferecer.
Na década que passou tivemos mais cinema onde não tinha. Nas ruas, aldeias, escolas, esquinas, becos e onde mais se podem projetar fantasias e verdades.
Tivemos também mais gente operando câmeras e fazendo filmes. Quando falo gente significa gente, simples, mas com conteúdo colocando nas imagens seu olhar sobre a vida. O produto dessas pessoas não alcançou os multiplex confortáveis mas entra na segunda década se espalhando por outros lugares de consumo, da internet e celulares até nos pequenos e improvisados cineclubes. Nos próximos anos o resultado disso tudo será muito promissor e com certeza irá renovar a cadeia produtiva do áudio visual.
A musica pode ter seguido muitas vezes a mesma linha dos reality shows: bundas, calcinhas de todas as cores, a venda de mulheres em programas-cardápios na TV e a pouca inteligência no conteúdo, mas a beleza e inteligência feminina de Vanessa da Mata lideraram as respostas de mulheres artistas que querem ser apreciadas na cama e fora dela também. Na década que passou quase fizeram à gente ter pena das grandes gravadoras, tadinhas, que não tinham mais como realizar os mimos dos seus executivos e entupirem seus cofres com o dinheiro sugado na exploração dos nossos artistas. Algumas foram até embora do pais, mas pagaram excesso de bagagem, lógico. E mais uma vez depois de quinhentos anos os piratas foram um mal necessário.
A própria grande mídia, ainda timidamente, começa a dar espaço para a produção musical diversificada que é feita no país. Isso não chega a cinco por cento da sua programação, mas é um bom sinal. O jabá, pagar pra tocar, ainda não acabou, mas tudo leva a crer que esse tema fará parte das discussões publicas da nova década e que se houver um esforço de todos nós ele será considerado crime e poderemos ter musica tocando nas rádios e TVs pela qualidade e não pela grana que se paga.
No teatro não avançamos muito na ultima década no surgimento de um numero considerável de novos dramaturgos. O que é importante para a renovação da cena teatral no Brasil, mas fechamos há primeira década do século 21 com um numero considerável de cias. de teatro com sedes próprias no território brasileiro facilitando a pesquisa e o desenvolvimento de atores, atrizes e diretores e com certeza bons resultados sairão dessas “estufas artisticas” nos próximos dez anos.
Falando em espaços de produção do pensamento e produtos culturais os Pontos de Cultura são o grande acerto do Ministério da Cultura fazendo com que projetos que tinham o potencial de debater e realizar ações com conteúdo cultural para a sociedade tivesse êxito na sua tarefa.
Sergipe não ficou de fora dos avanços do movimento cultural e vários municípios têm apresentado idéias e pessoas com aptidão para esse novo momento cultural que vivemos dando visibilidade a uma produção cultural diversificada. O surgimento de vários artistas, cias. de teatro e de dança, projetos culturais, blogs e sites especializados, colunas de jornais, coletivos, programas de rádios e os cursos de dança, musica e teatro da UFS são boas conquistas e mesmo com o tratamento desrespeitoso da administração da capital com o movimento cultural de Aracaju em 2009, isso não impediu que surgissem novos personagens para discutir e atuar na nossa cena cultural, inclusive chamando os que já estão há muito tempo na construção dessa obra para dialogar e propor novos projetos. Personagens mais independentes que se colocam no debate de forma mais franca e sem os vícios dos eternos “coitadinhos” e sem negar espaço para todos no debate.

Na década da copa e das olimpíadas no Brasil a cena cultural com certeza vai bater recordes de produção.

Um ótimo 2010 e uma ótima década!!!

Por Lindemberg Monteiro

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