
Gosto das vitrolas. Adoro vinil. Quando pequeno eu tive quatro de artistas nada alternativos, nada artistas. Mas meu irmão tinha um do Michael Jackson. E ele brincava, moleque, de imitar os passos do Michael. Já eu brincava de imitar os passos do meu irmão. Ele - meu irmão- era fã do Jackson, eu era fã do meu irmão. Afinal de contas, o Michael Jackson era estranho, tinha uns esparadrapos envolta dos dedos e uma aparência meio esquisita. Meu irmão, não, era parecido comigo e eu era a chinela havaina dele.
Quando eu entrei na universidade havia uns vinis velhos enfeitando a pracinha da didática 1, uma amiga minha fez eu arrancar os vinis porque ela queria enfeitar o quarto. Então mesmo não sendo criança - mas continuando a achar o Michael Jackson estranho - eu passei a imaginar que quem compra vinil não tem vitrola para tocar. Compra apenas porque as capas são muito interessantes e juntos - vinil a vinil - forma-se um tapete encantador, psicodélico, que dispensa o uso de alucínogenos
Quando eu vi o carinha que vende vinil eu tive vontade de perguntar se as pessoas que compram vinis tem vitrola, mas tive vergonha. O cara era um velho conhecido. Nós estudamos juntos na oitava série e eramos classificados por números: turma 183. Ele era - ou é - bem inteligente, e tinha um papo alternativo. As meninas interessantes cercavam ele. Não conversavamos nunca, mas eramos bom em História e um dia conversamos sobre Revolução Cubana, Fidel Castro, Che... E discutimos muito.
No ano seguinte participei de grêmio acadêmico, fui vaiado em assembléia por defender greve, escrevi para jornal do Cefet e alfinetei a direção, admirei o Mpl, li alguns textos, conheci o Ezln e as teoria anarquistas que (quase) ninguém conhece, fui a shows de reggae - Africa Uhuru e Oganjah - tive uma vida secundarista bem tumultuada até decidir não acreditar mais no movimento estudantil e dirigir Perdoa-me por me traíres!
Hoje fujo de Centros Acadêmicos, de campanha política, de partidos, de pseud0-bons-intelectuais. Mas só não compro vinil porque não tenho vitrola (ainda), mas pretendo adquirir alguns. E caso você não tenha vitrola, e mesmo assim não queira compra vinis... Passa por lá e conversa com o cara sobre Revolução Cubana
EULer Lopes Teles
Quando eu entrei na universidade havia uns vinis velhos enfeitando a pracinha da didática 1, uma amiga minha fez eu arrancar os vinis porque ela queria enfeitar o quarto. Então mesmo não sendo criança - mas continuando a achar o Michael Jackson estranho - eu passei a imaginar que quem compra vinil não tem vitrola para tocar. Compra apenas porque as capas são muito interessantes e juntos - vinil a vinil - forma-se um tapete encantador, psicodélico, que dispensa o uso de alucínogenos
Quando eu vi o carinha que vende vinil eu tive vontade de perguntar se as pessoas que compram vinis tem vitrola, mas tive vergonha. O cara era um velho conhecido. Nós estudamos juntos na oitava série e eramos classificados por números: turma 183. Ele era - ou é - bem inteligente, e tinha um papo alternativo. As meninas interessantes cercavam ele. Não conversavamos nunca, mas eramos bom em História e um dia conversamos sobre Revolução Cubana, Fidel Castro, Che... E discutimos muito.
No ano seguinte participei de grêmio acadêmico, fui vaiado em assembléia por defender greve, escrevi para jornal do Cefet e alfinetei a direção, admirei o Mpl, li alguns textos, conheci o Ezln e as teoria anarquistas que (quase) ninguém conhece, fui a shows de reggae - Africa Uhuru e Oganjah - tive uma vida secundarista bem tumultuada até decidir não acreditar mais no movimento estudantil e dirigir Perdoa-me por me traíres!
Hoje fujo de Centros Acadêmicos, de campanha política, de partidos, de pseud0-bons-intelectuais. Mas só não compro vinil porque não tenho vitrola (ainda), mas pretendo adquirir alguns. E caso você não tenha vitrola, e mesmo assim não queira compra vinis... Passa por lá e conversa com o cara sobre Revolução Cubana
EULer Lopes Teles
Imagem: Aimée Rezende
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