quarta-feira, 17 de novembro de 2010


Neste sábado a Rua da Cultura vai ao ar pela segunda vez, com o programa "Rua da Cultura", diretamente dos studios da Aperipê Fm (104.9), das 14h às 16h. Apesar de estar ainda em sua 2ª edição, o Programa Rua da Cultura já vem com uma programação especial, voltada ao dia da Consciência Negra, 20 de novembro. Entrevistas com o cantor Jr. da banda Revolução do Reggae e o professor Andrey Roosewelt Lemos, contribuirão com a riqueza cultural e informação que o programa pretende levar ao público. A Radio Novela continua recheada de novidades, assim como todos os outros quadros do programa, a exemplo do "E Daí!", " A gente toca se quiser!", "Tá rolando o quê?", "Ponto a Ponto", "Quase google", "Isso que é mulher!". Portanto, não esqueçam! Todos os sábados na Aperipê Fm (104.9), tem programa "Rua da Cultura", das 14h às 16h.
Já na segunda-feira (22/11), no Mercado Municipal de Aracaju, a Rua da Cultura chega com toda força... é a "Segunda Consciente". O grupo de Rap Abalo Císmico, comandado por J. Rock, subirá primeiro ao palco, mandando seu recado, Junto ao La Femina, grupo de rap feminino que fará uma participação especial, e com certeza balançará as estruturas da RDC mais uma vez. Depois teremos os afoxés DiPreto, com Alan D' Xangô no comando e Molungada, sob a batuta do Tonico de Ogum. E ainda a banda Revolução do Reggae, e o Samba do Raffael Oliveira, que estará gravando seu cd ao vivo. Simultaneamente estará rolando a Passarela de Xadrez, War e Magic.

A RDC também estará enfatizando o dia do músico (22 de novembro), e falando um pouco da movimentação que o Fórum de Música Sergipe estará fazendo não só na segunda, como também no domingo, 21/11.

É isso! Rua da Cultura, Acesso e Visibilidade!

Construindo o "Dia da Consciência Negra"

O 20 de novembro trata da data do assassinato de Zumbi, em 1665, o mais importante líder dos quilombos de Palmares, que representou a maior e mais importante comunidade de escravos fugidos nas Américas, com uma população estimada de mais 30 mil.

Em várias sociedades escravistas nas Américas existiram fugas de escravos e formação de comunidades como os quilombos. Na Venezuela, foram chamados de cumbes, na Colômbia de palanques e de marrons nos EUA e Caribe. Palmares durou cerca de 140 anos: as primeiras evidências de Palmares são de 1585 e há informações de escravos fugidos na Serra da Barriga até 1740, ou seja bem depois do assassinato de Zumbi. Embora tenham existido tentativas de tratados de paz os acordos fracassaram e prevaleceu o furor destruidor do poder colonial contra Palmares.

Há 32 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de novembro fosse comemorado como o "Dia da Consciência Negra", pois era mais significativo para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de seus poemas. Em 1971 o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.

A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente”.

Os acadêmicos e os militantes celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de idéias: simpósios, palestras, congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de expressão cultural.

Grande parte da população envolvida celebra com samba, churrasco e muita cerveja", conta o historiador Andrelino Campos, da Faculdade de Formação de Professores, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

"É importante que se conquiste o "Dia da Consciência Negra" como o dia nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma sociedade de fato democrática, igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de nação que contemple a diversidade engendrada no nosso processo histórico".

Para o historiador Flávio Gomes, do Departamento de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a escolha do 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição ao 13 de maio: "os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil. Como se não existisse".


















Por Betto Vidall (Músico/Produtor da Rua da Cultura)

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